Caderno de um Madridista

Já há muito que deixei de acompanhar a imprensa desportiva afecta ao FC Barcelona. Isto porque tenho mais do que fazer do que estar a ler baboseiras e artigos de opinião que não devem – com toda a certeza – ser obra de pessoas com capacidade pensante. E o cenário piora a olhos vistos quando este triste fenómeno passa para as capas dos jornais… Capas estas que são vistas no mundo inteiro.

Esta última que vemos na imagem em cima no texto é aquela que considero a mais patética de sempre. Um tremendo sinal de que em Barcelona tudo vai mal e que é necessário colocar gente séria nos locais certos. Não vá o simples adepto catalão perceber que de nada lhe serve colocar a estelada (aka senyera estelada, ou lá como chamam à coisa) nas bancadas do estádio de um Clube que nos tempos idos já foi o orgulho de… Espanha!

Sim. O orgulho de Espanha. A tal nação que – segundo os ditos – “oprime” a Catalunha orgulhou-se do FC Barcelona por este ter formado um conjunto de atletas de qualidade ímpar que deram à selecção espanhola um Mundial e dois Europeus de selecções. Xavi, Iniesta, Piqué, Sergio Busquets, Puyol, Valdés e Pedro Rodríguez foram a sólida base de uma equipa que encantou o mundo e europa. Todos eles oriundos da cantera do Barcelona. Todos eles foram as “bengalas” em que Lionel Messi se apoiou para poder jogar futebol.

O problema é que as bodas não duram para sempre. Tem um fim e a de La Masia chegou ao fim. O sonho de um Barcelona formador de talentos não podia durar para todo o sempre.

Tudo tem o seu fim. E para o Real Madrid CF chegou o fim das contratações milionárias em detrimento na aposta daquilo que de bom La Fábrica produziu nos últimos tempos. A real prova está que o actual palntel da equipa madridista conta hoje em dia com 7 jogadores formados na Casa Blanca.

E como se não bastasse o Barcelona dos nossos tempos aposta milhões numa jovem promessa oriunda das "escolinhas" do Valência FC de nome Paco Alcácer que nem sequer joga, enquanto outros apostam num “qualquer” Mariano oriundo do Real Madrid Castilla para se poderem manter invictos em La Liga (e não só).

Nunca o nome Farça assentou tão bem ao FC Barcelona. Ao FC Barcelona e à sua imprensa diga-se. Gente séria esta que temos na Catalunha. É tudo gente séria.

Mais uma jornada de La Liga e o Real Madrid CF prossegue a sua senda invicta.

Na imprensa catalã reina uma azia tremenda dado que não existe jornal algum que reconheça a justeza do empate (o habitual, diga-se de passagem). Já na imprensa próxima do clube Blanco parece reinar uma certa euforia. Inclusive já se fala em recordes de imbatibilidade.

Contudo esta euforia causa-me uma certa preocupação. É que Isto ainda não acabou. Ainda há muito jogo pela frente e num ápice tudo pode mudar, bastando para tal um mau resultado e/ou um mau momento de forma da equipa Blanca.

Assim de repente recordo-me da última temporada de Carlo Ancelotti em Madrid onde tudo correu bem até janeiro, altura em que o Real Madrid baixou de tal forma de rendimento que acabou por perder o campeonato da altura para o FC Barcelona. E nem a Champions salvou uma época que prometia ser das melhores de sempre.

Claro que podemos dizer que Zidane está, aos poucos, a “montar” um Real Madrid CF diferente para melhor. Há já muitos anos que não se via uma equipa merengue dona da melhor defesa e ataque de La Liga, mas “ainda muita água vai correr por debaixo da ponte” e é sempre bem melhor sermos realistas e cautelosos do que eufóricos e iludidos. Para mais convêm aqui dizer algo que a imprensa não diz (ou não quis dizer). No El Clássico de ontem o FC Barcelona jogou muito melhor com Iniesta em campo do que sem ele. A lesão do jogador do “Farça” não vai durar para sempre.

A meu ver é aceitável que se diga que Zidane sabe o que está a fazer e que estará pronto para dar a volta por cima a uma eventual - mas natural - quebra de forma, mas ainda nada está garantido apesar de nesta primeira volta do campeonato já terem sido feitas as devidas visitas aos campos dos eternos rivais.

Isto ainda não acabou e o futebol é feito de muitas surpresas.